Desde que me entendo por gente minha mãe diz: "minha filha, se preserve, porque se um homem for visto saindo de um cabaré, ele continua sendo homem, se for uma mulher, será puta". Eu sempre questionava, apesar da educação machista que recebi: "mas mãe, se você continuar dizendo isso, vai ser mesmo. mas se você parar e outras mulheres também, isso deixará de ser verdade, nem que seja aos poucos". Eu argumentava sem a menor noção de feminismo. Hoje, depois de estudar a respeito e estar sempre discutindo isso, vejo que minha mãe me criou tentando evitar que eu sofresse. Fui reprimida sexualmente, inclusive. Não a culpo porque ela também recebeu educação machista e não poderia ser diferente. Pergunto-me o que aconteceu na minha vida para que eu fosse diferente, já que desde adolescente e sem nenhuma influência feminista (e sem facebook), eu pensava diferente da minha mãe e das minhas irmãs, inclusive. Não consigo encontrar resposta. Hoje, mesmo o facebook estando cheio de ódio, ajuda muito na disseminação de informação e imagino que estamos num momento massa de questionamentos sobre tudo. Tem gente que reclama que todo mundo hoje em dia tem opinião sobre tudo e joga isso no facebook. Eu acho fantástico! O que é melhor que pensar sobre alguma coisa, escrever, discutir? É assim que se mudam as coisas, minha gente! Penso em quantas adolescentes, jovens (e meninos também) começam a questionar a criação machista que recebem de seus pais (por também terem sido criados dessa forma) e passam a mudar de comportamento ou não reproduzi-los. Quantas meninas que escutam o que eu escutava da minha mãe podem argumentar e, de repente, até mudar os pensamentos da família, enquanto estão na mesa do jantar, com o pai na cabeceira lendo o jornal enquanto a mãe termina de preparar a refeição depois de ter trabalhado o dia todo? Muitas!

Achei o texto fantástico. Um dos melhores de hoje. É tudo assimétrico, SIM. E aceitar isso é o primeiro passo pra mudar alguma coisa.